Para o exercício da profissão de ator, precisavamos ter passado por aquele "procedimento" e termos tido o "privilégio" de ser "aprovado".
Ganhavamos, então, a carteira de censura (veja minha carteira acima) que deveria ser portada para ser mostrada aos Órgãos competentes (Censura Federal/Polícia Federal), toda vez que fosse solicitado. A referida carteira tinha de ser renovada de tempos em tempos. Um simples ator hoje, poderia ser um "terrível inimigo do estado" amanhã.
Continuando o processo, para que as peças pudessem estrear, os atores deveriam, previamente, enviar cópias de suas carteiras, assim como a produção do espetáculo deveria mandar cópias do texto pretendido para o Departamento de Censura.
Partindo então de critérios subjetivos e até hoje não esclarecidos, o texto e os atores eram "liberados", ou não. Ou liberados apenas "parcialmente" ou "com cortes".
Seguia-se o período de ensaios onde o texto escrito tomava forma e corpo através do trabalho dos atores, diretor, técnicos e todos os envolvidos.
A dois dias da estréia do espetáculo, era, então, marcado o "ensaio da censura" onde o espetáculo era todo apresentado, com cenários, figurinos, enfim pronto, para, então, obter a liberação definitiva do espetáculo. Este poderia ser liberado, assim como o texto, totalmente, parcialmente ou com cortes, ou não ser liberado. Vetado totalmente. Caso emblemático do espetáculo "Calabar", proibido no dia da estréia.
Trágico período.
Nenhum comentário:
Postar um comentário